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Livros das donas e donzelas

Julia Lopes de Almeida
 
"Decididamente, o trabalho é o melhor saneador de almas! E nós precisamos da nossa muito sã, porque só a virtude da mulher pode salvar os homens, seus filhos e seus irmãos, no descalabro das sociedades arruinadas ou em deliquescência... A nossa força está na nossa bondade e no nosso critério, coisas que, quando não são naturais, fazem-se pela vontade."
 


Olá pessoal, tudo bem?

O desafio diminuindo a pilha desse mês era um livro escrito por uma autora brasileira, e a principio eu tinha selecionado o livro de contos da Maura Lopes Cançado - O sofredor do ver, mas eu não estava muito no clima e percebi que estava forçando a leitura, por isso, acabei selecionando um outro livro.

Julia Lopes de Almeida foi uma escritora brasileira que viveu entre 1862 e 1934, escreveu 10 romances além de poesias, contos, teatro e crônicas, escreveu em uma época em que a escrita não era uma atividade bem vista entre as mulheres. Ela estava entre os fundadores da Academia Brasileira de Literatura (ABL) e apesar do nome dela constar na primeira lista dos imortais, eles acabaram decidindo que a academia seria exclusivamente masculina e ela foi substituída pelo marido que acabou recebendo a alcunha de "acadêmico consorte".

A primeira vez que eu ouvi falar da autora foi no Canal Viaggiando e a autora tem vários livros em domínio público e acabei escolhendo esse livro de crônicas para conhecer um pouco da autora e de quebra também variar um pouco o tipo de leitura lendo coisas diferentes de romances.

"Lembranças de amizades não são como lembranças de amor, que pungem e deliciam; têm outra suavidade, um perfume indistinto, e por isso são mais difíceis de descriminar nas meias tintas do passado; todavia, quanta comoção elas nos trazem na sua nevoenta aparição!"

O livro é escrito como se fosse uma espécie de carta as amigas da autora, as diversas mulheres que passaram pela vida da autora, mulheres de diferentes idades e tempos. Os temas das crônicas são muito diversos, desde de a própria amizade, passando pela vida nos conventos, a educação nos tempos atuais, a moda das boas maneiras, as diferenças entre o natal brasileiro e europeu, a vida das ostras até a importância da água na Roma e Pompeia antigas.

" O conhecimento dos grandes homens da antiguidade serve para a cultura do espírito, mas não sei se terá o mesmo proveito para a do sentimento."

Tem uma crônica provavelmente escrita na época da morte da rainha Vitória que particularmente me agradou muito até porque eu gosto da figura histórica da rainha Vitória, e ela, fala um pouco sobre a dor da rainha, especialmente, quando ela perdeu o seu companheiro o príncipe Alberto e diz a história que eles viveram um verdadeiro amor, inclusive tem um filme muito interessante chamado Vitoria que retrata a vida da monarca que eu recomendo.

"A dor, que não pôde ser expressa, por conveniências e por orgulhos de Estado, e que ficou abafada no último suspiro, deve vibrar agora, como um remorso na consciência dos que a provocaram."

Alguns textos são retratos da época, mas a maioria são observações da natureza humana que são válidos ainda para os dias de hoje, além de uma excelente observadora do comportamento humano, os textos demonstram que ela era uma vanguardista, principalmente nas questões feministas, textos como: A mulher brasileira e O vestuário feminino traz esse viés.
 
"Apesar da antipatia do homem pela mulher intelectual, que ele agride e ridiculariza, a brasileira de hoje procura enriquecer a sua inteligência frequentando cursos que lhe ilustrem o espírito e lhe proporcionem um escudo para a vida, tão sujeita a mutabilidades.."
 
"Mas, seja qual for a guerra que lhe façam, o feminismo vencerá, por que não nasceu da vaidade, mas da necessidade que obriga a triunfar."

Outra crônica especialmente interessante é Brutos, onde a autora discute a violência contra a mulher usando o exemplo de rainhas e imperatrizes, e em um período em que aos maridos era permitido "corrigir" as suas esposas o posicionamento claro da autora é digno de nota.

"A verdade é que não é suportável a ideia de que um homem, seja ele quem for, possa levantar a mão para uma mulher, seja ela quem for também."

Gostei bastante desse livro e recomendo a leitura da autora, inclusive pretendo ler um romance da autora e achei excelente para o tema do Desafio, afinal é uma autora contemporânea de Machado de Assis e companhia e que eu nunca tinha ouvido falar.

Título: Livro das donas e donzelas
Autor: Julia Lopes de Almeida
Editora: Domínio Publico
198 páginas

Por hoje é isso,

E vocês já tinha ouvido falar dessa autora.

Até a próxima,

Dani Moraes

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