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São Bernardo

Graciliano Ramos
 

Olá Pessoal, tudo bem?

Esse foi o livro do Desafio do Skoob desse mês: livro escrito na língua mãe.
Esse é um livro da segunda fase do modernismo, conhecida como regionalista, mas não como a literatura regionalista do Jose de Alencar que procurava exaltar o sujeito brasileiro, sua cultura e seus costumes, na verdade, Graciliano faz uma literatura que procura mostrar a vida do sertanejo e do nordestino sofrido.

Eu não conhecia nada da história antes de ler o livro e na verdade procurei nem saber muita coisa, mas assim que terminei o livro fui procurar informações sobre o autor e achei um documentário bem interessante no youtube. E uma dica para quando vocês forem ler livros mais antigos é interessante conhecer o contexto histórico envolvido para aprofundar o sua experiência de leitura.

São Bernardo é um livro narrado em primeira pessoa pelo personagem principal - Paulo Honório.
Paulo Honório foi um menino pobre órfão, criado por uma doceira e depois de uma confusão acabou indo parar na cadeia. Então, acabou decidindo que iria comprar uma fazenda na qual ele trabalhou durante um período na juventude - São Bernardo. Depois de algumas ações não muito licitas e ele acaba conseguindo a fazenda e fazendo com que ela se desenvolva. Em um dado momento ele resolveu se casar. A escolhida foi uma professora,, humanista, portanto, é um claro contraponto a ele mesmo.

"Sou, pois, o iniciador de uma família, o que, se por um lado me causa alguma decepção, por outro lado me livra da maçada de suportar parentes pobres, indivíduos que de ordinário escorregam com uma sem-vergonheza da peste na intimidade dos que vão trepando."
(Isso de um cara que nasceu e se criou praticamente na miséria)

Paulo Honório é um capitalista sem escrúpulos que faz de tudo para conseguir o que quer e de tanto ele querer as coisas ele acaba perdendo a sua humanidade e se tornando as coisas que ele tanto quis.
Com esse conceito de coisificação há uma oposição entre São Bernardo e Vidas Secas. Em  Vidas Secas esse fenômeno se dá pela miséria enquanto em São Bernardo se dá pela riqueza
 .
A linguagem do livro é muito direta, seca, apoiada no substantivo e com muito pouco adjetivo combina muito com a própria história do livro que é árida, seca, demasiadamente real e triste.
 
"Amanheci um dia pensando em casar. Foi uma ideia que me veio sem que nenhum rabo-de-saia a provocasse. Não me ocupo com amores, devem ter notado, e sempre me pareceu que mulher é um bicho esquisito, difícil de governar."
(Muito romântico...)
 
Gracialiano afirmava que não inventava nada que apenas podia escrever sobre aquilo que ele tinha visto e ele que viveu quase toda a vida no semi-arido dos Sertões, com seus latifúndios e seus coronéis soube muito bem como retratar esse sertanejo e a forma e a estrutura de linguagem utilizada combina com todo esse ambiente.
 
Em um dado momento  o livro me lembrou Dom Casmurro, Bentinho e Paulo Honório tem lá suas similaridades, no entanto, no final, ao contrario do que acontece com Bentinho, Paulo Honório parece entender que tudo que se passou foi responsabilidade dele, porém, com um fatalismo profundo acha que mesmo que tivesse uma outra chance o resultado seria o mesmo.
 
"Se fosse possível recomeçarmos , aconteceria exatamente o que aconteceu. Não consigo modificar-me, é o que mais me aflige."
 
O livro é muito bom não sei se é o meu preferido do Graciliano, pois quando li Angustia fiquei muito impressionada e por isso para chegar essa conclusão preciso relê-lo.

Gostaria de indicar o vídeo da Tati do pais das entrelinhas que é apaixonada por Graciliano.

Livro: São Bernardo
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Record
213 páginas

Por hoje é isso,

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Até a próxima,

Dani Moraes


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2 comentários:

Michelle disse...

Muito boa sua resenha, Daniela!
Esse foi um dos livros que li para o vestibular, ou seja, li correndo, por obrigação e não aproveitei nada. Quero reler um dia com a atenção que a obra merece.
Beijo!

Unknown disse...

Michelle,

Eu tenho vários livros na mesmas circunstancias e ainda tem o agravante da maturidade que muitas vezes não me permitiu compreender melhor a obra.
Uma autora que eu definitivamente preciso voltar a ler é Clarisse Lispector porque quando eu li não gostei muito e preciso conhecer melhor essa autora brasileira.

Bjus,
Dani Moraes

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